Um dispositivo de proteção para comunicação pessoal foi testado recentemente pelo Instituto de Pesquisas Científicas e Tecnológicas (IPCT) da PUCRS em parceria com empresas de telefonia celular. O equipamento reduz a incidência das radiações eletromagnéticas emitidas pela antena dos aparelhos portáteis, como telefones celulares terrestres e via-satélites, walk-talkies e telefones sem fio. O dispositivo é adaptável à dos aparelhos, minimizando as radiações absorvidas pelo cérebro, pois direciona as emissões no sentido oposto.
Desde que o celular começou a se espalhar pelo mundo, surgiu o temor de que as emissões eletromagnéticas de alta freqüência poderiam prejudicar a saúde. Em Porto Alegre, uma empresa de telefonia celular comtratou o Laboratório Especializado em Eletroeletrônica (Labelo), da PUCRS, para realizar as medições e conferir se as radiações eletromagnéticas seguiram os padrões estabelecidos pela legislação vigente.
O efeito biológico das exposições a radiações varia conforme dois tipos de radiação: as ionizantes e as não ionizantes. A relação entre as radiações ionizantes e o câncer já foi comprovada pela ciência. Nesse espectro encontram-se os raios ultravioleta, os raios X e a radiação gama.. Os pesquisadores terão que estudar, nos próximos anos, as radiações não ionizantes. Nesse grupo, encontram-se as radiações de alta freqüência, como as emitidas pela televisão, pelo computador e pela telefonia celular.
O Professor da Faculdade de Engenharia da PUCRS João Ernandes Vieira, um dos criadores do dispositivo para proteção pessoal , alerta: " As pessoas nunca estiveram tão expostas à radiação eletromagnética como agora." Na dúvida, o engenheiro utiliza o seu aparelho de celular moderadamente.
De acordo com Vieira, todos os órgãos sensoriais e os sistemas regulatórios do corpo humano operam usando pequenas correntes elétricas. É preciso saber até que ponto os campos eletromagnéticos emitidos por aparelhos e antenas celulares podem afetar essa eletricidade biológica.
Há muitas especulações quando se fala em danos à saúde provocados pela exposição a ondas eletromagnéticas. Alguns médicos as relacionam com o aparecimento de câncer, conjuntivites, cataratas, glaucomas, leucemias e enfermidades ligadas ao sistema nervoso central, entre as quais a doença de Alzheimer e problemas de infertilidade. A comprovação que se tem é de que as radiações não-ionizantes provocam excitação das moléculas e o aquecimento das áreas expostas. Os efeitos desse aquecimento dependem do tempo de exposição, da intensidade da radiação e da espessura dos tecidos.
O chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital São Lucas (PUCRS), Sérgio Moussale, ressalta que estudos epidemiológicos recentes também relacionam os campos eletromagnéticos a alterações no ouvido interno (perda auditiva e zumbidos), pelo contato prolongado em conversações longas pelo celular. Este mecanismo é semelhante ao do trauma sonoro, em que se somam a intensiade de som com a da radição. Segundo o médico, nada ainda está provado. "Os pesquisadores precisam levar em conta outros fatores de risco como predisposição genética ou contato com elementos contaminantes", argumenta.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está estudando os efeitos das radiações emitidas pelos equipamentos de telecomunicações. Os resultados serão conhecidos daqui a dois anos. Até lá, é importante tomar alguns cuidados. Evitar o uso indiscriminado de aparelhos como telefones celulares e respeitar a legislação que regula a instalação das estações radiobase de telefonia móvel celular.
COMO PREVENIR-SE
Enquanto são realizados estudos sobre os efeitos das radiações eletromagnéticas, é aconselhável ter alguns cuidados:
* Afastar a antena do telefone celular cerca de 2 cm do cérebro, enquanto estiver falando.
* Evitar que crianças brinquem com o aparelho.
* Não carregar o telefone celular na cintura.
* Se possível, evite falar ao celular em ambientes fechados.
LINKS:
www.pucrs.br www.who.int/peh-emf/ www.microwavenews.com/